sexta-feira, 6 de março de 2009
Esta semana falámos com...
Miguel Brito, português fumador dos mais cheirosos cigarros do mundo. Ex-integrante da companhia "La Fura dels Baus" e posteriormente copy da Leo Lisboa. Careca fanático do Sporting, com todos vocês, o señor Miguel:
Quando pensas na Leo Lisboa o que é que te vem à cabeça:
Boludo, vêm-me tantas coisas à cabeça que até fico mais careca, só de pensar. Imagino logo aquele fantástico terraço com as chaises longues e a mesa de matraquilhos – a inveja de todas as agências; ou aquela vista do Tejo da nossa sala; ainda consigo sentir os cheiros da agência, o cheirinho a maçã com canela e açúcar, cozida no micro-ondas da Dona Lili, e os gases do Tomás que se sentava na mesa ao lado; lembro-me das conversas constantes sobre assuntos intelectualmente elevados, como a grandeza de um famoso membro da Leo... aliás, a grandeza do famoso membro de um membro da Leo (leste bem) e do seu famoso “Entããããoooooo” pelas manhãs – o que é feito do Ronny? Ainda aí anda? Lembro-me das aventuras do Super Neurónio – para quem não conhece, basta procurar no youtube; penso nas corridas de skate nos corredores da agência com o meu dupla Johny Roque e das magias impossíveis que este fazia; e lembro-me de usar “Boludo” duas vezes em cada frase, em homenagem a uns colegas argentinos. Vem-me à cabeça tudo disso, mas sobretudo, lembro-me uma equipa fantástica, como aliás, nunca mais encontrei em lado nenhum, onde todos os criativos tinham um nível excepcional, e de uma competição saudável que resultou num trabalho também fantástico.
O que andas a fazer agora?
Agora, estou a Leste... literalmente. Tal como há anos atrás, quando viajei o Mundo com os La Fura, a vontade de experimentar coisas diferentes despertou novamente e acabei por vir parar a Bucareste, onde sou actualmente Director Criativo na Mercury360, a maior agência independente da Roménia. Vim à procura de coisas novas, mas o engraçado é que as coisas por aqui não são assim tão diferentes. É já a segunda agência onde estou desde que cheguei a Bucareste e já deu para ver de tudo um pouco. A única grande diferença em relação a outros países onde já trabalhei tem a ver com o facto de este ser um mercado emergente. Há uma boa abertura por parte dos clientes em termos criativos – eles não só esperam, como exigem ideias diferentes – mas por outro lado, é um mercado onde criativos, accounts, fotógrafos, realizadores, produtores e todos os que trabalham nesta indústria, não sentem a competição saudável de que falava há pouco, nem dentro, nem fora da agência, para produzirem um trabalho de grande nível. A oferta de emprego tem sido sempre maior que a procura, daí que ninguém aqui tenha que se esforçar muito ou se sinta compelido a fazer um grande trabalho - é a desvantagem deste tipo de mercados. O meu grande desafio por aqui não é convencer os clientes, mas sim convencer as pessoas com quem trabalho a darem importância aos detalhes e, mais especificamente em relação aos criativos, a convencê-los de que o maior inimigo de uma ideia brilhante, é uma ideia boa que surgiu primeiro.
De resto a vida por aqui é simpática e tirando as saudades da comida portuguesa e do mar, gosto disto. Se bem que também já vão sendo dois anos no mesmo sítio e aquela vontade de mudar está a despertar de novo...
Uma história engraçada que se tenha passado aqui na Leo:
Acho que vou aproveitar para fazer uma revelação. Lembras-te da supersticiosidade do Fer - nosso amigo e Director Criativo - e da sua obsessão em eliminar todos os cactos aí da agência, em não permitir reuniões com 13 pessoas na mesma mesa, ou em querer ver-se livre dos cágados do jardim, que também dizia darem azar? Pois é, um dia, quando uma determinada campanha com grandes chances em Cannes foi aprovada pelo cliente e estava para ser produzida, o Fer chamou-nos, a mim e ao João, e disse-nos que infelizmente tinha de viajar e que não poderia estar presente na PPM, mas, apontando para o calendário com um ar muito sério, disse-nos para, acontecesse o que acontecesse, que não deixássemos que a PPM se realizasse na Sexta-feira 13. E nós, claro, “sim, sim, fica descansado”, mas nunca mais nos lembrámos disso. Claro está que a PPM acabou mesmo por acontecer na maldita Sexta-feira, 13. Eu sei, eu sei, Fer, desculpa por ter esperado 3 anos para te dizer isto, mas pronto, já disse, e agora já sabes porque é que a coisa no fim deu para o torto. Na véspera das filmagens, recebemos a péssima notícia de que a campanha afinal tinha de ser cancelada. Sendo que a razão que nos foi dada, continua até hoje a ser muito estranha... Enfim, os spots nunca mais foram filmados e eu pelo sim pelo não, agora ando sempre com uma pata de coelho no bolso, uma ferradura no casaco, um trevo tatuado numa parte íntima e uma língua de cão embalsamada dentro dos sapatos (na Roménia dizem que dá sorte).
E por falar em Fer, lembro-me de algumas das partidas que lhe fizémos. Claro, sempre na boa onda. Como aquela em que todos os dias rodávamos ligeiramente o mobiliário da sua sala, até que finalmente ele se apercebeu, bem mais tarde, quando já estava tudo quase virado ao contrário; ou outra, em que todos os dias colocávamos algo estapafúrdio na mesa dele – um tampão, uma pulseirinha, DVDs com filmes de segunda, uma revista Maria, etc., só para o vermos doido a perguntar a meia agência de quem é que eram aquelas coisas, ehehe. Só boas ideias...
Frase célebre:
“Ser jovem não é fácil!”
Era o mote da campanha que eu e o meu dupla da altura, o grande Ia - aka Carlos Murad - fizemos para o Crédito Agrícola e que insuportavelmente toda a gente fazia questão de repetir uma média de 43 vezes por dia. Mai nada.
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